
O CBR abriu recentemente uma chamada internacional para cargos de líder de grupo de investigação júnior que atraiu mais de 100 inscrições e resultou em três novas contratações que se juntarão à equipa em setembro de 2023.
Os três cientistas mais recentes do CBR têm linhas de pesquisa focadas em aspetos fundamentais da biomedicina, que vão desde modelos matemáticos da ecologia de doenças até à parasitologia e à regulação da expressão génica.
O José Lourenço é ecologista de doenças infeciosas e biólogo computacional, com formação em Engenharia de Software, Epidemiologia Teórica e Saúde Pública. O seu trabalho com dados epidemiológicos e genómicos em tempo real durante crises internacionais de saúde pública, como a pandemia de COVID-19, as epidemias sul-americanas de Zika e Chikungunya transmitidas por mosquitos e outras, ajudou a identificar rotas de propagação de vírus e contribuiu para a descoberta de variantes de SARS-CoV-2, e informou a política de vacinação contra a dengue da Organização Mundial da Saúde. O José construiu pipelines computacionais baseados em dados genómicos e informados por previsões teóricas de modelos de transmissão, com o objetivo de remodelar atividades convencionais de Investigação e Desenvolvimento (I&D) de vacinas contra patógenos que apresentam diversas estirpes, como são o vírus Influenza A e B. Ele também desenvolveu métodos computacionais para entender melhor os efeitos das mudanças climáticas na dinâmica e distribuição de doenças infeciosas causadas por vírus transmitidos por mosquitos, como Dengue, Zika, Febre Amarela e Nilo Ocidental. Além de ligar a sua vasta rede de colaboração no estrangeiro ao CBR, o José irá expandir as suas atividades de I&D a outros agentes patogénicos e concentrar os esforços do seu novo laboratório em arbovírus e na investigação das alterações climáticas em Portugal.
A Sara Silva Pereira é uma parasitologista que estuda a biologia da infeção dos tripanossomas africanos, parasitas unicelulares tropicais que causam a doença do sono nos humanos e a tripanossomíase animal, uma doença que tem um impacto tremendo no gado em África e na América do Sul. Com formação em Ciências Biomédicas, Bioquímica e Parasitologia Veterinária, a Sara combina abordagens de biologia computacional e celular com ferramentas de bioengenharia. Para o seu trabalho de pós-doutoramento, a Sara dissecou a imunopatologia da tripanossomíase cerebral animal grave usando vários métodos, incluindo perfis transcriptómicos, imagiologia, citometria de fluxo e avaliações comportamentais no ratinho. Ela estabeleceu um modelo animal de tripanossomíase cerebral aguda em ratinho que lhe permitiu propor um mecanismo pelo qual a adesão do parasita aos vasos sanguíneos, um processo denominado sequestro, e o sistema imunológico do hospedeiro, via células T CD4+, desempenham um papel fundamental na doença. No CBR, na sua primeira posição como líder de grupo, a Sara irá expandir este seu trabalho combinando métodos computacionais de alto rendimento (high-throughput) com evolução molecular e ferramentas microfluídicas, para entender melhor o processo de sequestro de parasitas e as suas implicações para a sobrevivência do parasita e a gravidade da doença.
Formado em Biologia Molecular e do Desenvolvimento, o João Raimundo tem vindo a estudar os mecanismos reguladores dos genes subjacentes à padronização de estruturas e órgãos durante o desenvolvimento, desde as plantas até à mosca da fruta, Drosophila melanogaster. O seu trabalho de pós-doutoramento culminou na identificação de novas características da organização do genoma que garantem o timing adequado da expressão génica no embrião da mosca. Usando imagiologia de última geração capaz de quantificar em tempo real e ao vivo a transcrição de células individuais e métodos capazes de capturar contatos genómicos a 3 dimensões (3D) e a nível global do genoma, o João descobriu “promoter proximal tethering elements”, elementos característicos do genoma que fazem o emparelhamento físico de promotores de genes distais para obter co-explosão transcricional sincronizada. Conceptualmente semelhantes aos operons encontrados em bactérias, estes “Operons Topológicos” oferecem um nível de integração de longo alcance da atividade génica que até agora não tinha sido descoberto, marcadamente devido à falta de tecnologias apropriadas para visualizar a atividade génica em embriões vivos. Como membro do CBR, o João espera capitalizar ainda mais os seus avanços experimentais e abordagens conceptuais para revelar outras propriedades ocultas da regulação a 3D do genoma.
O José Lourenço junta-se ao CBR vindo de cargos de Investigador Principal na Universidade de Lisboa (Portugal) e na Universidade de Oxford (Reino Unido), enquanto o João Raimundo e a Sara Silva Pereira vêm de posições de pós-doc no laboratório de Michael Levine na Universidade de Princeton (EUA) e no laboratório de Luisa Figueiredo no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (Portugal), respetivamente. Temos o prazer de anunciar que a Sara acaba de ser premiada com a “La Caixa Postdoctoral Junior Leader Fellowship”, que ela começará no CBR.
A Universidade Católica Portuguesa dá as boas-vindas aos novos Group Leaders e deseja-lhes uma carreira cheia de sucesso.