Financiamento de 2,5 milhões para o CBR para impulsionar nova era no tratamento dos dados gerados em investigação em saúde.

Quinta-feira, Dezembro 5, 2024 - 14:04

A investigação biomédica está a entrar numa nova era com a integração da ciência de Redes e Sistemas Complexos um campo que aplica técnicas computacionais avançadas para decifrar a complexidade de dados biológicos e artificiais às mais variadas escalas e dimensões.

Centro de Investigação Biomédica (CBR), da Universidade Católica Portuguesa (UCP) acaba de posicionar-se na vanguarda desta revolução ao conquistar 2,5 milhões de euros da Comissão Europeia para o financiamento do seu inovador CBeRa, uma Cátedra ERA na área da Ciência de Redes e Sistemas Complexos aplicada a dados de saúde. Este investimento marca um momento crucial para o CBR e o futuro da investigação biomédica em Portugal e na Europa.

O projeto CBeRa: Strategic Integration of Complex Networks and Systems for Advancing Biomedical Research foi concebido para enfrentar um dos principais desafios da investigação biomédica moderna: a vastidão e a complexidade dos dados gerados por métodos experimentais de última geração. As técnicas laboratoriais tradicionais, embora essenciais, muitas vezes não conseguem acompanhar a rápida expansão dos dados biológicos, muitos dos quais permanecem subaproveitados.

“É aqui que a ciência das redes e sistemas complexos entra em cena." explica Pedro Simas, Diretor do CBR. "Fornece as ferramentas necessárias para descobrir padrões ocultos, compreender as intrincadas relações entre componentes e nodos de sistemas biológicos, e detetar comportamentos e propriedades emergentes que outros métodos não conseguem identificar. Estas técnicas de análise computacional são muito promissoras no desenvolvimento de modelos preditivos que podem revolucionar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças.

Luís Rocha, um investigador de renome mundial em sistemas complexos e inteligência computacional na State University of New York, irá liderar o projeto CBeRa. “A ciência de CNS está intimamente correlacionada com a Inteligência Artificial, as ciências da computação e a ciência de dados", explica Luís, que irá liderar este projeto de cinco anos da Cátedra ERA no CBR a partir de março de 2025.

“Ao estudar a organização, dinâmica e propriedades em diferentes escalas de redes de sistemas complexos e da escala molecular à escala global, podemos discernir padrões emergentes e conexões imprevistas, e compreender as nuances subtis que governam domínios que vão desde como uma célula funciona até padrões de fala e interações sociais, aos determinantes da saúde e da doença”, completa o investigador.

O financiamento para as “Cátedras ERA" advém do Horizon Europe Widening Programme, desenhado para fortalecer a European Research Area (ERA). As Cátedras ERA têm por objetivo proporcionar às instituições premiadas os recursos necessários para atrair talento internacional de topo, começando pelo coordenador da cátedra, e ajudá-lo a construir uma equipa de excelência capaz de melhorar significativamente o seu desempenho científico no domínio de investigação.

Em 2023, o orçamento total alocado às Cátedras ERA pela Comissão Europeia foi de 97 milhões de euros; de 38 projetos aprovados, oito foram atribuídos a universidades e institutos de investigação em Portugal. O CBR, criado em 2021, é das mais jovens instituições nacionais contempladas com este financiamento competitivo.