- Artigo de Opinião: Professora Joana Boto Fernandes
Há doenças que matam o corpo. E há as que adormecem a memória. A infeção por VIH, em 2025, parece viver nesse limbo: indetetável para quem o trata, invisível para quem já o esqueceu.
Quarenta anos depois do início da epidemia, a ciência venceu quase todas as batalhas -mas pode estar a perder a guerra da atenção. Hoje, quem vive com VIH e adere ao tratamento tem uma esperança de vida semelhante à da população geral. Há terapêuticas simples, eficazes e discretas; há combinações injetáveis trimestrais, que libertam do ritual diário do comprimido; já está disponível um injetável semestral. E há a certeza transformadora de que “indetetável é intransmissível”. Uma enorme conquista.
Mas o sucesso tem o seu reverso. A perceção de que “agora o VIH trata-se” banalizou o risco, esvaziou o medo e adormeceu a prevenção. O preservativo saiu de cena, a testagem perdeu prioridade, e até entre profissionais de saúde a ideia de “testar apenas quem parece em risco” continua viva. O resultado: novas infeções, diagnósticos tardios, e um vírus que, embora controlado, não desapareceu.
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